
A recente viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Ásia teve um significado mais estratégico do que diplomático. Nos bastidores, a jornada internacional foi palco de intensas articulações políticas com ministros e líderes do Congresso Nacional, numa tentativa de reposicionar o governo diante de um cenário de crescente insatisfação popular e dificuldades econômicas.
Lula avaliou com sua base aliada os principais desafios da conjuntura política nacional. A principal preocupação gira em torno da queda de popularidade detectada pela última pesquisa Datafolha, que apontou apenas 24% de avaliação positiva ao governo — acendendo um alerta no Palácio do Planalto.
Inflação e tarifaço aumentam pressão sobre o Planalto
Entre os temas que dominaram as conversas, estiveram o aumento da inflação — especialmente no preço dos alimentos — e os impactos do “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaça as exportações brasileiras. A repercussão negativa desses fatores tem pressionado a gestão federal, que ainda luta para estabelecer uma marca clara do atual mandato de Lula.
Riscos no Congresso: anistia, IR e segurança pública
Outro ponto sensível debatido durante a viagem foi o cenário no Congresso. Aliados do governo demonstraram preocupação com a tramitação do projeto de lei que propõe anistiar os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. A matéria encontra resistência e pode representar nova derrota política.
Além disso, a aprovação da reforma do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a PEC da Segurança Pública, rejeitada pelos estados, também representam batalhas duras. Internamente, o governo discute alternativas para não sair fragilizado das votações que acontecem nos próximos meses.
PAC e a busca por impacto eleitoral
Durante as reuniões, Lula também avaliou os resultados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado como vitrine do terceiro mandato. Apesar dos altos investimentos, o programa ainda não mostrou resultados concretos na percepção popular, o que aumenta a pressão por uma estratégia de comunicação mais eficaz.
Rui Costa x Haddad: ruídos internos preocupam o presidente
As divergências entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também estiveram no radar do presidente. Lula foi alertado por aliados de que os ruídos entre as duas pastas estão prejudicando a articulação de pautas sensíveis no Congresso e dificultando a reação do governo às dificuldades econômicas.
Segundo fontes próximas, o presidente defendeu um maior alinhamento entre Haddad e Rui Costa, reforçando que a estabilidade e coesão dentro do núcleo duro do governo são essenciais para avançar com projetos prioritários e conter o desgaste da imagem presidencial.
Avaliação interna é positiva, mas desafios são reais
Apesar do cenário desafiador, membros do governo ressaltam avanços na área econômica e reafirmam que a gestão tem entregado resultados. No entanto, reconhecem que é necessário reforçar a articulação política, ajustar o discurso e buscar respostas mais efetivas para os problemas que impactam diretamente a população.
A viagem à Ásia serviu, portanto, como ponto de virada para a construção de uma nova fase de articulação política e reposicionamento do governo frente aos desafios que se intensificam no segundo ano do mandato.
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